A última noite chegou de novo

Desaparecer para um infinito bem profundo onde eu não vou ouvir mais o silêncio da minha mente, não vou sentir o peso das minhas lágrimas, não vou correr contra o mundo e todos porque eu estou cansada.

Desaparecer para um lugar onde não vou sentir esse peso de querer ser alguém, querer ser amada, querer ser aceite, querer sempre fazer tudo certo quando eu não sou perfeita o tempo todo.

Quero ir para um lugar longe do julgamento dos olhos, longe da mágoa e do medo de mais uma vez falhar.

Vou deixar de ver o sol, a luz, sentir o vento e a chuva.

Não terei de preocupar se não estou a receber um abraço, um beijo, uma palavra, um conforto e um colo de mãe.

Irei parar de ser perfeita, sempre a exigir demasiado de mim e definir-me com as minhas falhas e os meus erros.

Não precisarei de mostrar nada ao mundo nem exigir que olhem para mim sem desdém.

Ficarei quietinha, parada e imóvel com esse meu poder de acabar logo com tudo.

Foi uma vida cheia de luta e perdas, perdas que transformaram-me, mas também enfraqueceram muito.

Fiquei tão enfraquecida que no meio de tantas tempestades, na mínima coisa que falho não consigo mais considerar que talvez sou forte e consigo ultrapassar tudo de novo e com mais garra.

Talvez cansada de não ser suficiente nem para mim, nem um motivo de orgulho aos meus olhos.

Estou cansada de ser a minha pior inimiga sem perceber eu torturo minha mente e a minha paz por querer ser o que eu nunca vou conseguir ser.

Feliz.