Este texto não sobre paredes, pregos e um martelo

Será que é clichê falar que cruzamos na vida uns dos outros por algum motivo?

Olhei ao meu redor e tudo o que conseguia enxergar eram quatro paredes brancas.

Só conseguia pensar em como iria decorá-las, se colocaria alguma cor, que móveis conseguiria colocar para aconchegar mais aquele lugar e tentar colocar os pregos nos lugares certos.

Consegui fazer tudo como eu queria menos na hora em que eu comecei a colocar os pregos na parede, acho que estava demasiado cega ou entusiasmada pela ideia, e não dei conta que quando agarrei o martelo para bater na parede acabei por furar com demasiada força.

A minha força fez com que eu quebrasse a parede, ela era branca sem único risco e pronta para que eu tornasse linda do meu jeito, mas eu consegui dar cabo dela e por mais que tentasse colocar algum reboco por cima parecia que eu conseguia sempre enxergar o defeito.

Os anos passavam por mais que ninguém que ali passasse conseguisse ver o defeito, eu sabia que tinha deixado um dano naquele sítio específico.

Eu fazia de tudo para deixar aquela parede mais glamorosa, mas parecia que nunca conseguia deixá-la como eu queria ou como deveria ser, perfeita.

A tristeza bateu, eu chorei, chorei muito como uma criança no colo da mãe por mais uma vez ter percebido que errei e por mais que eu tentasse resolver a minha situação eu não conseguia ultrapassar, vivia com uma certa culpa ou uma agonia por pensar que estrago tudo onde toco.

Também pensei que enquanto eu não coloquei ali aquele prego eu não estava realizada, mas bateu-me o arrependimento, foi tarde demais.

Eu errei para aprender a nunca voltar aquele lugar, aquela frustração estranha e agonia. 

Eu só queria embelezar aquela parede e passei a cuidar dela como se fosse a minha arte, queria criar histórias bonitas e memórias que só ela saberia para que pudesse contar as minhas próximas gerações.

Queria dar a conhecer a história da minha parede especial, para que o mundo soubesse que mesmo que tenha machucado ela, eu arrependi-me, chorei, levantei, sorri e recomecei de novo para que tudo fosse melhor.