O egoísmo acenta-te bem

Eras uma flor em que eu insistia em regar na esperança de tornar o mundo melhor para ti.

Na verdade, eu gostava de cuidar de ti, não queria ver-te sofrer e prometia-te que nunca deixaria para trás.

Não podia ver uma pétala tua caída no chão que eu corria sempre para consertar e regar-te com as forças que eu tinha.

Todas as vezes em que eu via que ias desistir de mim, mesmo quando eu já estava distante, era capaz de percorrer kilometros para dar-te um pouco do sol.

Foram demasiadas vezes em que vivi para ti para depois nem eu receber um pouco dos teus rebentos de volta.

Eu era uma abelha sozinha e desesperada pelo teu amor sabendo que tu não estarias para mim por muito tempo.

O egoísmo e a hipocrisia acentavam bem, faziam com que brilhasses mais que todas as flores, e por brilhares demais eras hipnotizante.

Quando eu menos esperava acabei por descobrir que eras flor caçadora de almas, e com a minha alma ficaste para que uma simples abelha não pudesse continuar a voar nunca mais.

Fui puxada para dentro de ti e nunca mais pude voltar a ver a minha liberdade.

O meu brilho foi consumido pelo teu para que pudesses brilhar ainda mais.