Para o bem de todos, não contes a ninguém

  

 Enterramos momentos em lugares da nossa mente que pensamos que nunca virão para assombrar-nos mais uma vez.

Foi preciso eu estar na escuridão para os meus olhos lembrarem-se do que viram e que sentiram medo.

Um tipo de medo que eu não sabia que esse tipo de medo morava dentro de mim.

Quando lembro-me daquelas escadas, eu sinto-me presa, tensa como se todos os meus músculos tivessem congelado.

O calor de verão entrava por aquelas escadas, mas só consigo pensar no quão agoniante foram ter uns braços compridos e fortes sobre os meus.

Eu lutava para sair desse abraço porque destruiu-me para o resto da minha vivência apenas lembro-me daquele cheiro de vinho próximo da minha cara, tudo que eu consegui fazer foi lutar contra ti e sair o mais rápido dali.

Era apenas uma miúda e por muito tempo tive de guardar para mim, e esquecer pelo bem de todos enquanto o terror assombrava de noite até um dia, finalmente, parar e descansar na minha paz.

Era uma miúda e nunca tive tanto medo, mas felizmente mais vez consegui ter força.

No pior de tudo foi guardar algo tão angoniante para que mais uma vez que não fosse um problema.