Eterna inimiga



Devo ser demasiado frágil para não perceber o quanto eu te odeio e o quanto eu te odiei por tanto tempo sem conseguir afastar-te.
Odeio-me por ter permitido de teres estado a rondar-me por tanto tempo e a colocar-me coisas na minha mente que nunca mais poderei voltar a esquecer.
Sinto um sabor amargo no céu da minha boca quando eu penso no tempo em que te admirava, em que para mim eras a minha favorita e que queria ser como tu.
Alguém forte e capaz de mover fortalezas, mas quanto mais eu cresci mais eu apercebi-me que criei um ódio por ti.
Por mais que eu quisesse estar por perto para escutar-te, consolar-te com uma palavra amigável, sabia que sem pensares duas vezes não te importavas de enterrar-me.
Ás vezes penso que poderia não estar viva por viver com tanto medo de sentir a tua sombra a engolir-me dia após dia.
Sentia a tua sombra monstruosa a tirar-me a minha voz, a minha coragem até a minha vontade de viver.
Estava bem claro que não me amavas como deveria ser, eu apenas estava ali como um isco, o mais fácil de destruir.
Vivia presente as tuas vontades com medo de contrariar cada passo e cada palavra, eu só queria dizer-te que tu estavas a levar-me para longe de ti.
Dormia com medo de o amanhã não ser um dia melhor, um dia sem sentir o meu corpo tremer e a minha cabeça a mil.
Cansada de estar perto de alguém que olhava para mim como um eterno inimigo e um eterno alvo.
Cansada de ouvir gritos, maldizeres, calúnias e histórias escritas por uma letra que não era a minha.
Estavas presa no meu pensamento quando no final tudo eu só queria abraçar-te e dizer-te que estava ali para ti sabendo que quando fosses embora eu choraria por ti com saudade e pelo mal causado.
Em mil e um problemas eu tentava esquecer tudo por mais que isso custasse algumas noites de insónias.
Na verdade, as nossas almas não foram feitas para se encontrar porque sempre que elas se encontram, elas chocam e deixam marcas difíceis de curar.
Marcas tão profundas que vão se tornando naquelas cicatrizes que queremos esconder de toda gente.
Não são marcas de vergonha, são marcas de uma história que eu não quero contar, eu não quero procurar o cheiro nem ver a cor desses momentos vividos.
Finalmente, arranjei uma forma de ter um caminho livre só meu, um caminho que infelizmente não iremos percorrer juntas porque as nossas almas tem seguir em frente, e no fim, desta tragédia encontraremos a paz em universos distantes uma da outra.

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