Paralisada


Estava sentada na janela do meu quarto olhando para rua, já tinha perdido o tempo e não fazia ideia a quantos minutos, segundos, horas, dias, semanas, meses ou anos eu estava aqui.
Estava paralisada no tempo em que realmente fomos felizes e que não entendemos no quanto tinhamos crescido juntos e estavámos consumidos pelo sabor do nosso beijo e a ternura que vivia presente no nosso olhar.
Tinha saudades do tempo em que sabia que erámos perfeitos um para o outro até destruirmos tudo sem sequer pensar que estavámos a desgatar cada minuto de promessas e uma felicidade que parecia infinita.
As saudades prendiam-nos e nós fomos morrendo juntos até o dia em que não fazia sentido olhar mais para o que construímos juntos.
As paredes do meu quarto deixaram de ser brancas para um dia acordar, e perceber que a luz que eu não deixava entrar nelas tinha partido com o tempo em que esgotavámos a tentar consertar algo que não estavamos dispostos.
O meu quarto tornou-se cinza e a minha janela estava embaciada pelas lágrimas que derramei, e a minha respiração que mantia-se ofegante por saber que não aguentava mais a dor que levava comigo.
Questionava-me onde poderia estar o meu coração porque passei mais tempo a querer cuidar do teu como mantê-lo forte e intocável até o dia em que meu coração deixou de bater.
Permanecia paralisada sendo engolida pela lama da mágoa que causamos um ao outro, e quando pensava que estavas lá para agarrar a minha mão apenas via a tua imagem perfeita desvanecer dos meus olhos.
Não tinha voz suficiente nem força para salvar-nos porque vivia com medo da possibilidade de poder a ser feliz mesmo que tivesse que caminhar sozinha sem ti.
A culpa de tentar ser feliz quando apenas conseguia ver uma vida inteira do teu lado.
Cresci para perceber que tinha de deixar-te ir porque eu estava sozinha, sonhando e afogando o tempo num oceano cristalino para dar-me mais tempo.
Precisava de tempo...
Não foi o suficiente quando quis alcançar as ondas elas tiraram-me a possibilidade, para dizer-me que não conseguias amar-me mais talvez nunca mais.
Tempo para poder florir de novo e saber que não estarás lá para cuidar do nosso jardim que estava cheio de ervas daninhas.
Continuo paralisada e com medo, mas caminho em direcção da minha felicidade merecida.
Eu mereço ser feliz.

Comentários

  1. Oh meu deus princesa que texto linda , já pensaste em escrever um livro ?
    que palavras poderosas wow

    O Olhar da Marina

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    Respostas
    1. Eu gostava tanto de escrever um livro, mas tenho medo de falhar ou de não saber por onde começar.
      Obrigada por essas palavras tão doces

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