Quem sou eu?

Minha alma está desencontrada por muito tempo, estou vazia sem um espaço preenchido.

Habituei-me tanto a dar, a ver outros desfrutaram, a ver os outros sorrirem, a ver os outros renascerem que esqueci-me de mim.

Quem sou eu?

Estou demasiado a acostumada a estar sem estar presente, a ver sem poder observar o que poderia estar a minha frente, passei a tocar corpos por tocar esquecendo que o meu estava ali á espera de um pouco de carinho,cuidado, tranquilidade e adrenalina.

Caminhei distâncias na minha mente para chegar onde queria, mas a certo ponto deixei de ter um completo comando sobre mim e todas as cores amarelas, vermelhas e verdes começaram a ficar meio turvas, os meus olhos abertos queriam estar cerrados de sangue por ter secado todas as lágrimas que esgotei esperando que tudo iria ficar bem, a minha voz foi arrancada de mim com todas pedradas que o meu coração levou durante esse tempo todo.

Esqueci de existir com todas as possibilidades e oportunidades que insisti colocar no colo de outras pessoas esperando que fossem salvar, mas eu sei que estavam lá no topo vendo a minha queda com um sorriso nos lábios, uma raiva localizada dos pés á cabeça e uma vontade solitária de mandar-me embora.

Estou perdida, sem forças e não consigo levantar-me os meus maus pensamentos estão a prender-me ao chão como uma lama preta que vai cegando e fazendo com que eu não saiba que para além disto existe vida lá fora, existe felicidade, alegria, não existe tristeza, raiva, lágrimas, perdição,dor e desilusão.

Eu devia saber que tudo isto iria acontecer, o meu coração avisou-me tantas vezes enquanto eu dançava nesses jardins vestida de branco com rosas no colo e o calor do sol nas minhas costas e o sabor do vento na minha boca, até ao dia em que todo aquele jardim secou e eu fiquei secando junto com ele até toda essa tesão momentânea acabar comigo.

Até que a minha boca foi cozida porque a minha voz não deveria existir mais.



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