Do que não quero esquecer



Sou mulher africana, tenho pele escura, tenho um nariz grandes,lábios carnudos e uns olhos enormes.
Consigo definir e relembrar dos tempos em que minha mãe penteava a minha carapinha e fazia sentir dor de tanto pentear, mas ao mesmo tempo ensinou-me "que quem corre por gosto não se cansa" e eu queria sempre estar bonita.


Eu sabia que o meu cabelo era diferente e por vezes era díficil de aceitar, mas mesmo assim aprendi como pentea-lo, como gostar dele e fazer a minha moda com o meu cabelo de Black Power.
Aprendi a ser uma preta com atitude, orgulhosa das minhas raízes e cultura.



Cresci com pouca liberdade até um dia voar como um passáro, questionava tudo a minha volta.
Lembro que questionava o inquestionável porque eu tinha sempre a esperança que as minhas lágrimas iriam secar, que talvez tudo ficaria bem, mas vinha sempre mais um problema.
Poucas coisas na vida faziam sentido.
Mais uma mudança ou mais uma perda.


De repente, saí e cresci e tentei viver deslumbrada com os pequenos momentos da minha vida.
Quis contar ao mundo que estava e feliz e porquê que eu estava que feliz, e queria que os me 
rodeavam vissem o meu sorriso e seguissem a vida comigo, mas muitos perderam-se pelo caminho e 
vieram novas pessoas.
Novos momentos e novas vibes!


Apaixonei-me pela moda e aí peguei a minha máquina de costura para poder criar o que não podia comprar.
Deliciava-me com revistas Vogue e sonhava vestir como aquelas mulheres, não queria ter aspeto de rica, apenas queria ser eu mesma.


Enquanto sonhava com o mundo da moda andava de T-shirt pela a casa a escrever posts no meu blog.
Um blog que nunca pensei ter, mas que agora é um prazer.
Eu tinha voz logo podia falar do que eu quisesse e com quem quisesse ao mundo.
Aí descobri que eu própria tinha criado a minha liberdade.



Deixei de ser a rapariga falada pelo povo, mas sim aplaudida pelos seguidores.
Deixei de ser banal para a minha escrita ser reconhecida e ainda uma ajuda ou que apenas pudesse dar um sorriso ou uma gota de esperança a quem continuasse a ler o que escrevia.



De banal também quis ser clássica, quis ter postura, quis ser respeitada, quis ser verdadeira e justa, quis fazer sentido neste mundo.


Sendo guerreira quis dançar em volta dos meus problemas e dos meus objectivos também, procurei beber em memória a todo o meu esforço.
Dancei até ao chão com os amigos que sempre querem tirar de casa para eu poder perceber o quanto é bom viver mesmo no meio de tanta dificuldade.
Dancei, sorri, dancei e levantei a minha moral.



Mas também encontrei um amor.
O amor que sempre sonhei ter talvez aquele que procurei tanto que se não fosse atrás talvez não teria magoado tanto.
Mas encontrei aquele que quer estar comigo, que entregou a sua vida a mim e que estou convencida de que será ele sim, a pessoa com quem  irei realizar os meus pequenos sonhos.
Sou firme no que digo em relação a ele porque sou eu sei o que sinto.


E é com muita alegria que quero daqui uns anos poder ler todos estes textos no meu blog e certas dedicações a mim própria para que seja sempre a prova que eu sempre quis manter forte por mim e por todos.
E no final de tudo quando tiver os meus sonhos realizados irei agradecer a todos que apoiaram.
Ah esqueci de mencionar que mandarei cumprimentos para quem pensou que nunca seria nada.
Corri com muito gosto e alcancei o que queria.


                                                         nono

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